Jane Austen é considerada por muita gente a figura mais importante da literatura inglesa depois de Shakespeare. Embora eu a adore, não iria tão longe. Entretanto, seu aguçado olhar sobre a sociedade do século XIX e a acidez de suas críticas tornam sua obra inegavelmente majestosa. Emma, lançado em 1814, é um dos livros mais famosos da escritora e sua protagonista uma das heroínas mais antipáticas que já vi.
Longe da digna e orgulhosa Elizabeth Bennet, de Orgulho e Preconceito, Emma é uma jovem mimada e esnobe que adota o papel de casamenteira para tentar driblar o tédio. Tendo em alta conta a si mesma, ela acredita ter encontrado o homem perfeito para sua amiga Harriet. O que ela não percebe é que o Sr. Elton, longe de estar apaixonado por sua amiga, deseja a sua mão em casamento. E aí começam todas as confusões em que essa menina se mete.
O começo do livro é um pouco cansativo e a pretensiosa Emma não contribui em nada pra diminuir essa sensação. Apesar disso, conforme a gente vai acompanhando o amadurecimento da protagonista o livro melhora e muito, de tal maneira que do meio pra o fim a leitura vai num embalo só. Ri demais com alguns diálogos e cenas, Jane é maravilhosa na hora de ironizar a fanfarronice da classe alta e burguesia inglesas.
O personagem mais marcante acaba sendo o Sr. Knightley, que segue o protótipo do Sr. Darcy (de Orgulho e Preconceito) - rico, nobre, elegante e de caráter. Outro tipo comum na obra de Austen, o jovem imaturo e ambicioso, reaparece na figura de Frank Churchill, mas tem final feliz. O noivado secreto, ingrediente comum em suas histórias, surge mais uma vez, mas é abordado de outra forma e os noivos são realmente uma surpresa para o leitor. Tenho que destacar o Sr. Woodhouse, o hipocondríaco pai de Emma, super engraçado, dá um diferencial na história.
Indicadíssimo pra todos, o livro é uma delícia e super romântico. Nada de choros e decepção, tudo muito tranquilo. Perfeito pra quem quer curtir algo leve, mas interessante e bem narrado.